Como classificar coisas?

Este post foi baseado em um vídeo, que fez parte de uma pequena série de vídeos que postei no LinkedIn, baseado em algumas perguntas que eu me faço com base nos estudos e pesquisas que venho fazendo, instigado principalmente pela leitura do livro As Palavras e as Coisas de Michel Foucault. Na leitura comecei a me questionar e fazer algumas perguntas, entre elas:

Como nós nomeamos, determinamos, classificamos, identificamos coisas no mundo como nós nomeamos coisas? Como nós as colocamos em uma caixa como nós pensamos sobre elas?

A Teoria da Classificação Facetada

Nos meus estudos sobre os fundamentos da biblioteconomia e ciências da informação, conheci um conceito chamado Classificação Facetada, que foi criado por um teórico muito importante para a nossa área, o Ranganathan.

A classificação facetada é um sistema de classificação de informações, e foi desenvolvido pelo S.R. Ranganathan, bibliotecário indiano, na década de 1930. O ponto mais forte deste sistema é a sua abordagem multidimensional na organização da informação. Ela permite que um objeto de informação seja classificado de várias maneiras, em vez de ser atribuído a um único “ponto” fixo em uma hierarquia de classificação, o que o coloca além do seu tempo.

Nosso famoso bibliotecário indiano introduziu o conceito de “facetas” para representar as várias características de um artefato de informação. Se pudermos definir de uma forma livre o que são as facetas podemos dizer que elas são categorias claras e mutuamente exclusivas que pode, ser usadas para classificar uma entidade.

Por exemplo, um livro pode ter facetas para o autor, o assunto, a data de publicação, o formato, e muito mais.

Não sei se já deu para perceber mas a classificação facetada é especialmente útil em ambientes de informação digital, apesar de ter sido criada muito antes da internet. Nestes ambientes conectados, onde os usuários tem necessidades de informação, e precisam pesquisar e navegar por informações de várias maneiras diferentes, o entendimento das facetas envolvidas amplia a nossa visão.

Pensar nas facetas nos permite criar uma organização mais flexível e intuitiva da informação, melhorando a precisão no processo de busca e recuperação da informação dos nossos sistemas.

Ranganathan criou a teoria de classificação facetada muito preocupado com a organização de um universo, um domínio de conhecimento. Então ela é muito útil para nós que precisamos organizar informação para projetos digitais que estão restritos a domínios cada vez mais específicos, certo?

Aqui estão três publicações acadêmicas recentes sobre a classificação facetada de Ranganathan:

Quero destacar o artigo escrito por Yunseon Choi, que discute como tornar a classificação facetada mais aceitável na web, por ele estar inserido dentro da nossa área de interesse. A classificação facetada é comparada com as ontologias, que são outra forma de organizar informações na web. Choi explora as diversas maneiras de melhorar a aceitação e a eficácia da classificação facetada em ambientes online.

A Organização do Conhecimento

Estamos começando a otimizar as plataformas digitais, certo?

Então qual é, e como é, esse domínio de conhecimento e como ele é organizado? Quais são as entidades que fazem parte dele e quais são os nomes que a indústria usa, para que os clientes encontrem o que procuram?

E para esses usuários o que significa, nesse contexto?

Para para perceber que temos muitas perguntas na hora de analisar o domínio do projeto que estamos criando, e é aqui que entra o trabalho do Ranganathan.

Ranganathan, era muito preocupado com as categorias fundamentais do universo do conhecimento, e o objetivo era exatamente esse: organizar o conhecimento, dentro dessa ideia da totalidade das ideias conservadas pelo ser humano.

Esse objetivo me parece bem próximo do que o Google criou para si mesmo: Organizar toda a informação do mundo. Não é a toa que eu vivo dizendo que o Google é uma grande biblioteca e o algoritmo é o bibliotecário.

Mas trazendo essas ideias para o nosso trabalho de otimização, na hora de organizar as informações de um projeto (criando tesauros, taxonomias, ontologias, estratégias de otimização e recuperação da informação) podemos usar as ideias do Ranganathan e pensar em facetas:

Como esse domínio de conhecimento é organizado?

Quais são os conceitos, termos e entidades que fazem parte dele?

Quais são os nomes que a indústria usa e qual a relação com os meus conceitos e termos?

E os os clientes usam usam esses mesmos nomes quando procuram porque eu quero que eles encontrem no meu site?

Parecem perguntas retóricas, mas cada uma delas vai te ajudar a modelar a informação de acordo com os objetivos do site do seu cliente, fazendo com que ele seja encontrado muito mais facilmente, aumentando muito a eficiência do seu trabalho.

A Dinâmica do Conhecimento

Entendo que nas ideias conservadas pelo ser humano geramos conhecimento. Conhecimento que pode ser definido como o ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência.

Dentro dessa dinâmica as coisas mudam, coisas acontecem, fatos são criados, e os processos são executados. Então essa dinâmica entre coisas, fatos e processos, cada qual com sua especificidade, é o que gera as mudanças e a evolução do que chamamos de conhecimento.

A Dinâmica do Conhecimento é um conceito que se refere à maneira como o conhecimento é adquirido, compartilhado, usado e desenvolvido ao longo do tempo. Ela abrange uma variedade de processos, incluindo aprendizagem, inovação, difusão de informações, e a evolução das ideias e práticas.

Dentro dessa ideia de conhecimento como a totalidade das ideias conservadas pelo ser humano é que reflito sobre a importância de organizar as entidades, ou como chamei no título deste texto: classificar coisas.

A Evolução da Nomeação

Dentro desta lógica, temos coisas acontecendo, fatos sendo criados o tempo todo. Tudo está em constante movimento. E como ficam os processos nesse cenário? Vimos que existe uma dinâmica na geração das informações que geram conhecimento, então voltando ao início das minhas primeiras perguntas.

Temos o processo de nomeação de coisas, entidades como chamamos; temos uma determinação nessas nomeações, e se esse ambiente de conhecimento humano está sempre evoluindo, entendo que uma conclusão é óbvia:

Os conceitos, as definições, as classificações, as nomeações são atualizadas o tempo todo, seja por quem a usa, seja por quem as cria. Somos todos agentes e usuários, neste processo de nomeação da informação, dentro deste ambiente da recuperação da informação em ambientes digitais.

Somos atores da geração de conhecimento, desta “totalidade de ideias” conservadas pelo ser humano, que quase toda humanidade usa e atualiza.

Conclusão e Reflexões Finais

Dentro do processo de mudança, ou constante atualização, entendo que a nomeação dada a certa coisa é inicialmente adequada mas passível de inadequação conforme o domínio do conhecimento onde ela está inserida, é atualizado.

Quando os processos já não são necessários ou precisam ser atualizados, podemos estar diante de uma mudança nos conceitos, termos e entidades, como são nomeadas e definidas.

No vídeo abaixo, o eu do passado afirmou que não tinha respostas para essas perguntas, o que claramente mudou, atualizou, porque agora eu já tenho algumas delas. Algumas vindas dos estudos em Biblioteconomia, outros de outras áreas. Mas de qualquer maneira esse é um assunto em construção para mim, ainda uma pergunta aberta: Como classificar coisas?


O Perguntas Semânticas é uma série de vídeos com perguntas que eu faço a mim mesmo e compartilho com vocês. Neste vídeo eu me pergunto: Como podemos classificar as coisas?

Alexander Rodrigues Silva

Alexander Rodrigues Silva

Consultor SEO

Especialista SEO, consultor internacional SEO e autor do livro SEO Semântico: Fluxo de trabalho semântico. Sou um defensor da Web Semântica e Bibliotecário em formação, com mais de 20 anos de experiência no Digital. Trabalho com Search Engine Optimization desde 2009, sempre buscando alinhar a experiência do usuário a estratégias como Marketing de Conteúdo, otimizando o investimento em SEO.

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