O conceito de Ser atravessa toda a história da filosofia, desde os seus primórdios. Embora já colocado pela filosofia indiana desde o século IX a.C., foi o eleata Parmênides quem introduziu, no Ocidente, esse longo debate, que percorre os séculos e as diversas culturas até os nossos dias.
O Ser é portanto um dos conceitos fundamentais da tradição filosófica ocidental. Usualmente, na tradição grega, a palavra SER (einai) assume quatro significados diferentes os quais serão apresentados por Platão no diálogo Sofista de maneira mais detalhada solucionando, dessa forma, os problemas lógicos e semânticos que subjazem a algumas das formulações centrais da República.
- Existência: para exprimir o fato de que determinada coisa existe. Por exemplo: “a erva é” (= existe)”, mas também “o unicórnio é” (ao menos no sentido de existência mental). Lembremos que os gregos não tinham uma palavra específica para a existência.
- Identidade: para identificar e/ou distinguir algo e/ou alguém em relação a si mesmo e/ou aos outros. Por exemplo “A=A” ou “A beleza é bela”
- Predicação: para exprimir uma propriedade de determinado objeto. Por exemplo: “y é x” ou a maçã é vermelha. Platão descobriu que é condição da predicação “não haver identidade entre os referentes dos nomes colocados nas posições de sujeito e predicado.”. Por exemplo: “Vênus é a estrela da manhã”. Gramaticalmente, temos um sujeito e um predicado, mas logicamente temos uma falsa predicação, pois “Vênus” e a “estrela da manhã” são termos cujo objeto é o mesmo, um dos planetas do Sistema Solar.
- Veritativo: Nos diálogos da velhice, Platão conseguiu separar os valores veritativos da ontologia, ou seja, verdadeiro e falso passaram a ser qualidades do discurso sobre o mundo. Platão desloca a verdade do SER para o discurso. O sentido metalinguístico veridical permite ao verbo SER significar a verdade de uma proposição. Em filosofia, ser é considerado não só como um verbo (existir) mas também como substantivo (“tudo o que é”).
Os termos ser e existência podem ter significados diferentes, embora, na linguagem corrente, possam ser sinônimos (“ser” como “o fato de ser” = existência). As formas identitativa e predicativa são objeto de estudo da lógica.