Eu tenho um grande interesse na relação entre as entidades, a semântica e a informação. O SEO, que na perspectiva que eu trabalho, é uma atividade de otimização da recuperação da informação (uma busca), precisa ser estudado sob o ponto de vista da relação entre os objetos na linguagem.
Atualmente, nos sistemas de recuperação da informação (SRI) vemos a mudança do uso das técnicas de que usam a sintaxe para as que fazem uso da recuperação semântica. A facilidade em usar o contexto para aumentar a taxa de compreensão dos conceitos tratados e seu sentido, é para mim, a explicação clara nessa mudança.
A recuperação semântica da informação está intimamente relacionada com a marcação estruturada e semântica dos dados, utilizada na web semântica, o processamento de linguagem natural e as redes neurais. O entendimento desse novo cenário me inspirou para criar o Fluxo de Trabalho Semântico, que faz uso de ferramentas da Ciência da Informação, como os tesauros e a taxonomia, para criar um mapa das relações entre os conceitos ajudando a todos que trabalham em projetos digitais a navegar através da informação semântica, sem se perder.
A Semântica e a Informação
Extraio esse trecho do livro Nomes Próprios, no qual o autor analisa as sentenças de identidade (enunciados que se referem a um objeto particular):
“(…), a informação concerne à linguagem somente enquanto esta está referida ao mundo dos objetos. Isso quer dizer que as sentenças de identidade não expressam simplesmente a informação de que dois termos ou nomes são usados de tal modo que referem o mesmo objeto. Elas não são sentenças sobre o modo como usamos os termos, pois não faz sentido julgar a verdade ou a falsidade de um uso. Um uso pode ser correto ou incorreto, mas não faz sentido dizer que ele é falso ou verdadeiro. O que são verdadeiros são os enunciados expressos por sentenças de identidade quando os termos que ladeiam o sinal de identidade referem um único e mesmo objeto.” (BRITO, 2003, p. 49)
E qual a relação disso com o SEO Semântico?
Está no entendimento do uso correto dos elementos das sentenças em contextos textuais e como eles se relacionam com os campos de interesse do SEO: a informação, as entidades e o contexto.
Analisando a afirmação de BRITO vemos claramente a relação entre o mundo dos objetos (uma parte fundamental do mundo das entidades) e a informação, que para ser expressa segundo as regras da linguagem precisa conectar esses dois “seres”: informação e objeto a que ele se refere.
E referência é um elemento chave para entender o papel do sentido de tudo o que é escrito em uma frase, por exemplo e sua relação com o significado.
O que eu quero dizer por sentido são as “elaborações ainda inconstantes que buscam estabilizar-se”, como diz Vygotsky, ou seja é um algo no que você diz que necessita de algo mais para ser estável para quem o lê ou ouve. E o sentido necessita do significado (relacionado a semântica como campo de estudo) para mostrar as possibilidade de sentido numa expressão, numa fala ou numa frase.
Por isso esse conceito é tão importante para mim:
O que são verdadeiros são os enunciados expressos por sentenças de identidade quando os termos que ladeiam o sinal de identidade referem um único e mesmo objeto.
Nomes Próprios. BRITO, 2003, p. 49
Porque a ideia que os enunciados que criados, quando fazem uso de sentenças de identidade, serão verdadeira se fazem referência a um único e mesmo objeto é o equivalente linguístico ao problema da ambiguidade na recuperação da informação, tão fundamental para as Ciências da Informação.
Para mim fica o entendimento de que quando precisamos criar conteúdos que sejam semanticamente relevantes no atual cenário dos buscadores cada vez mais semânticos, precisamos ter claro em nossas mentes as entidades que serão tratadas no texto, as suas descrições (precisas e explícitas) e a sua relação com as outras entidades presentes no conteúdo.
Só assim criaremos bons conteúdos para as nossas duas principais audiências: a humana e a algorítmica.